segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

corpocômodo



os olhos no teto, a nudez dentro do quarto; róseo, azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde, nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo


de assombro, essas primeiras palavras do livro 'lavoura arcaica' de raduan nassar me chegaram através de um diálogo via msn. li e me permiti ficar assombrado. estavamos conversando sobre coisas leves quando 'de repente'. as palavras se fortificaram ainda mais, seu espaço consistindo, durando na luz da tela do computador. quis eternizar aquele fragmento em meio ao nosso diálogo. não tenho o hábito de registrar minhas conversas, mas acontece que quis prolongar aquela literatura que parecia-me algo vindo de lugar nenhum, pois não tinha necessário nexo com o que falávamos em nossas frases bem curtas.
control c. abri o bloco de notas. control v.
me manifestei ansioso ao ver a frase inteira configurada em uma só linha no bloco de notas. medi com o antebraço na tela o tamanho 'daquilo' e 'daquilo' sobrava muito. uma idéia sem interrupção gramatical nem de formatação (como no objeto-livro), sem quebra vertical. como se 'a idéia se iniciava na região metropolitana de são paulo e percorria inteira, deslocava-se até belo horizonte'. sem metáforas entendi o que já me chamava tão horizontal.
voltei diferente ao nosso diálogo de expressões espacialmente reduzidas.








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