terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Teoremas de Desterritorialização



1 ° teorema: Jamais nos desterritorializamos sozinhos, mas no mínimo com dois termos: mão-objeto de uso, boca-seio, rosto-paisagem. E cada um dos dois termos se reterritorializa sobre o outro. De forma que não se deve confundir a reterritorialização com o retorno a uma territorialidade primitiva ou mais antiga: ela implica necessariamente um conjunto de artifícios pelos quais um elemento, ele mesmo desterritorializado, serve de territorialidade nova ao outro que também perdeu a sua. Daí todo um sistema de reterritorializações horizontais e complementares, entre a mão e a ferramenta, a boca e o seio, o rosto e a paisagem.

2° teorema: De dois elementos ou movimentos de desterritorialização, o mais rápido não é forçosamente o mais intenso ou o mais desterritorializado. A intensidade de desterritorialização não deve ser confundida com a velocidade de movimento ou de desenvolvimento. De forma que o mais rápido conecta sua intensidade com a intensidade do mais lento, a qual, enquanto intensidade, não o sucede, mas trabalha simultaneamente sobre um outro estrato ou sobre um outro plano. É assim que a relação seio-boca já se guia por um plano de rostidade.

3° teorema: Pode-se mesmo concluir daí que o menos desterritorializado se reterritorializa sobre o mais desterritorializado. Surge aqui um segundo sistema de reterritorializações, vertical, de baixo para cima. E nesse sentido que não apenas a boca, mas o seio, a mão, o corpo inteiro, a própria ferramenta, são "rostificados". Em regra geral, as desterritorializações relativas (trans-codificação) se reterritorializam sobre uma desterritorialização absoluta em determinado aspecto (sobrecodificação).

adaptado de_
g. deleuze e f. guattari
mil platôs / vol 3

Um comentário:

cássia nunes disse...

quais são os parâmetros para se criar uma escala de medição dos diferentes níveis de des_re_territorialização?